domingo, 13 de setembro de 2009

Padrões de Necrose (necrose de coagulação)

O papel da via glicolitica

Necrose de coagulação
Este é um tipo de degeneração em que a estrutura celular se mantém relativamente preservada, onde em um corte histológico pode-se observar a ausência do núcleo celular porém, o contorno da célula se mantém arquitetado durante alguns dias até o tecido se torne rico em células inflamatórias e posteriormente seja substituído por tecido fibroso. Esse tipo de necrose ocorre por exemplo com as células musculares do coração no miocárdio quando os miócitos sofrem lesões e morrem por hipóxia.

Hipóxia e via glicolitica na necrose de coagulação
A ausência de oxigênio no meio intracelular (hipóxia) diminui a fosforilação oxidativa das mitocôndrias (uma das vias de produção de ATP pela célula) o que acarreta na diminuição do ATP. Sem ATP ocorrem vários eventos que fazem com que a célula perda sua homeostase. Tais eventos incluem: modificação do citoesqueleto, disfunção da bomba de cálcio (que acarreta na perda de potássio e influxo de água e cálcio na célula), aumento da glicólise e o desprendimento ribossomial (diminuindo a síntese protéica). Estes eventos são fatores importantes para lesões celulares, caso persista a falta de oxigênio na célula as lesões tornam-se irreversíveis desencadeando a morte celular e a necrose do tecido.
A via glicolitica ou glicólise é uma serie de eventos enzimáticos em que a glicose é quebrada formando ATP, piruvato e um composto reduzido de NAD+ (NADH). Como foi dito a falta de ATP na célula desencadeia a aumento da glicólise, com este aumento, ocorre uma queda na concentração de glicogênio intracelular e também ocorre a queda do PH celular que acarreta na condensação da cromatina nuclear. A queda do PH ocorre pelo seguinte mecanismo: o NADH produzido na via glicolitica é um composto reduzido de NAD+ e este é essencial para a célula, más não é abundante e em condições normais os elétrons presentes no NADH precisão ser carregados para que o NAD+ seja regenerado e quem faz esse papel é o oxigênio ele que carrega os elétrons presentes no NADH restaurando o NAD+ essencial para a vida celular. Em condições anaeróbias onde não há oxigênio o NADH interage com o piruvato outro produto da via glicolitica para formar NAD+ porem essa interação também resulta na formação de ácido láctico e assim a elevação da acidez promove a diminuição do PH celular.
O cálcio liberado no citosol durante um quadro de hipóxia ativa varias enzimas que começam a digerir as proteínas celulares iniciando a destruição da célula porém, o mecanismo anaeróbio da via glicolitica entra em questão sendo um fator importante para formação da necrose de coagulação pois a acidez promovida por esse mecanismo desnatura as enzimas que estão digerindo os componentes celulares o que faz com que a estrutura celular seja preservada mesmo depois de a célula já estar morta.
Outro fato importante no que diz respeito a necrose de coagulação é que geralmente ocorre em tecidos ricos em glicogênio como é o caso dos tecidos musculares estriados e no fígado, lesões por hipóxia também causam esse tipo de degeneração no fígado já que que é um tecido rico em glicogênio. Basta entender que para que seja gerado quantidade de ácido láctico suficiente para desnaturar as enzimas ativas pelo processo de morte celular, enzimas estas que irão destruir tal célula, é necessário uma boa quantidade de glicose para a via glicolitica e só um tecido com grande quantidade de glicogênio armazenado (fígado e músculos estriados) é que possibilita que tal tipo de degeneração seja desenvolvido pós morte celular.
By Thiago Ribeiro

Referencias
Robbins Stanley L.; Cotran Ramzi S.; Patologia: bases patológicas das doenças; tradução da 7° edição; Rio de Janeiro; Elsevier; 2005

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